Como usar bebidas alcoólicas para temperar os mais diversos tipos de carnes – Parte 5: Cachaça
Origem
Descoberta pelos escravos dos engenhos de
açúcar em meados do século XVI. Era considerada uma bebida de baixo status perante
a sociedade, pois era consumida apenas por escravos e brancos pobres, enquanto
a elite brasileira da época preferia vinhos e a bagaceira (aguardente de bagaço
de uva), trazidos
de Portugal.
de Portugal.
Quando o produto nacional começou a ganhar
força entre todas as classes sociais, alguns setores da elite e da classe média
do século XIX e início do XX iniciaram um movimento de preconceito contra a
cachaça, uma vez que eles buscavam uma identidade mais próxima da européia.
Somente durante a Semana de Arte de 1922,
quando se buscou as raízes brasileiras, é que a cachaça voltou a ser
considerada um símbolo da cultura nacional e contra a adoção da cultura
européia. E, desde então, é considerada a mais brasileira das bebidas e famosa
em todo o mundo.
Denominação
Para que o produto receba a denominação de
cachaça, deve obedecer os parâmetros estabelecidos pelo Decreto n° 2314, de 4 de setembro de 1997, que
regulamenta a padronização e classificação de bebidas.
Sendo a cachaça, caninha, cana ou aguardente
de cana toda bebida que utilize a cana-de-açúcar como matéria-prima e com sua
graduação alcoólica entre 38% e 54% em volume, a 20° C, podendo ainda ser acrescida de
açúcar em até seis gramas por litro, sendo que quando a adição de açúcar for
superior a seis e inferior a 30 gramas por litro deve receber a denominação de
cachaça adoçada, caninha adoçada ou aguardente de cana adoçada.
Produção
Cachaça industrial
É obtida por
meio de destiladores contínuos ou colunas industriais de destilação. É uma produção
de larga escala, utilizando um volume elevado de caldo de cana, que,
fermentados, depois são destilados, obtendo-se milhares de litros de cachaça
por dia.
Os
grandes volumes fermentados são integralmente destilados, não sofrendo nenhum
tipo de separação de partes. Nesse tipo de processo a indústria utiliza de
agroquímicos na colheita e é realizada mecanicamente. E durante a fermentação aplica
– se produtos quimicamente sintetizados.
Cachaça artesanal
É fabricada
numa pequena indústria, denominada engenho, trabalha com pequenos volumes ou
bateladas. A cachaça é feita em alambique, uma engenhoca cujo sistema de
funcionamento remonta à Idade Média. O alambique é operado manualmente pelo
aguardenteiro ou alambiqueiro, destilo a destilo.
Existem poucas e, ao mesmo tempo, milhares
maneiras de se fazer cachaça artesanal. São pequenas variações de região para
região brasileira. Comumente a plantio da cana é manual, 100% orgânica (sem
adição de agrotóxicos), e o processo de fermentação é natural, ou seja, não
possui adição de produtos sintéticos em sua composição, e tempo de validade é
menor, e precisa ser armazenada adequadamente. No fim desse post tem alguns
links sobre degustação e armazenamento.
Curiosidade
Aguardente
x cachaça x pinga – Podem se referir à mesma bebida, mas 3 palavras não são sinônimas.
Aguardente – designa qualquer bebida
obtida a partir da fermentação de vegetais doces.
Cachaça – é o nome da aguardente de
cana-de-açúcar. De acordo com Maria das Graças Cardoso, professora do único
curso de pós-graduação em tecnologia da cachaça no país, o nome foi criado no
Brasil, no século XVI, época dos grandes engenhos. Assim, toda cachaça é
uma aguardente, mas nem toda aguardente é cachaça (autor desconhecido).
Pinga – é uma definição vulgar da
cachaça.
Harmonização
Já me aventurei em usar em algumas preparações,
não combina com alimentos suaves, case a cachaça com alimentos fortes. Abaixo
minhas experiências na cozinha:
- pernil suíno com cachaça
e limão de cachaça e laranja. Deixei marinar por algumas horas depois cozinhe a
carne na panela de pressão junto com alho poró e cenoura (reserve o líquido da
marinada). Quando a carne estiver quase pronta adicione o liquido da marinada e
deixe reduzir pela metade. Sirva o pernil acompanhado de batatinhas cozidas e
regue com a redução do liquido da marinada.
- cebola – refogue a
cebola fatiada e adicione cachaça até cobrir a cebola (não é muita coisa),
borrife de 2 a 4 vezes aceto balsâmico (o meu já veio com a válvula) e ajuste
os temperos. Aguarde a redução e sirva como guarnição. Não ultrapasse mais que 4 borrifadas (para
até duas cebolas grandes) o aceto balsâmico é muito forte.
- bife de lombo suíno – o
modo temperar é o mesmo do pernil, a diferença é que eu acrescente a marinada o
azeite, ele ajuda amaciar a carne e também a incorporar os ingredientes
contidos no tempero fazendo com que as fibras obsorvam o líquido. E método de cocção
que utilizei é o de forneamento
*Aceto balsâmico – vinagre
derivado do vinho, é obtido a partir do mosto da uva (engaços que não participam
do processo de vinificação).
Petit gastrô
Leia também
Como usar bebidas alcoólicas para temperar o mais diversos tipos de carnes
parte 1: whisky | parte 2: conhaques e licores | parte 3: vinhos, espumantes e frisantes | parte 4: cervejas
Leia também
Como usar bebidas alcoólicas para temperar o mais diversos tipos de carnes
parte 1: whisky | parte 2: conhaques e licores | parte 3: vinhos, espumantes e frisantes | parte 4: cervejas
0 comentários